HENRIQUE DUMONT
Pai do Alberto Santos Dumont

email de José Menezes, 3-9-05
 
 
SOBRE A SEXUALIDADE DE SANTOS DUMONT
     Várias polêmicas cercaram Santos Dumont em vida e depois da morte. Desde a paternidade da aviação, que nos Estados Unidos muitos atribuem aos irmãos Wilbur e Orville Wright, à sua própria sexualidade. Há quem observe o seu pouco interesse pelas mulheres, como registrou um de seus biógrafos, o tenente-coronel Peter Wykeham, da Força Aérea Britânica.
     Porém, a polêmica sobre este ponto tende a esquentar daqui para o final do ano, quando o também polêmico antropólogo baiano Luiz Mott, do Grupo Gay da Bahia, estará lançando o seu livro cujo título ele já definiu: Era Santos Dumont homossexual?
     Se a polêmica sobre os Irmãos Wright pode ser dirimida com os depoimentos dos que viram o vôo de Wilbur e Orville, na França, em 1903, antes, portanto, do 14 Bis, e que garantem que o dirigível dos americanos foi lançado à navegação aérea com o auxílio de uma catapulta, ou seja, não tinha força motriz própria, a que recai sobre as preferências sexuais de Santos Dumont é mais complicada e, até certo ponto, desafia a imaginação.
     "Devido, talvez, à grande repressão que havia na época sobre os homossexuais, Santos Dumont não era um praticante do homossexualismo. Mas era um homossexual latente ou homossexual egodistônico, ou seja, aquele que problematiza a sua tendência ao ponto de reprimi-la", diz Luiz Mott. Outra informação do baiano é a de que Dumont era andrógino, a ponto, segundo ele, de espantar damas da sociedade francesa. "Ele não gostava de aproximação a mulheres, o que revela uma certa misoginia", diz.
     "Não há qualquer referência ou dado bibliográfico que referende essa conclusão", contrapõe o pesquisador Henrique Lins de Barros, do Museu de Astronomia. Em sua opinião, repete-se uma ladainha sem apresentação de novos dados e, pior, para ele há uma tendência em alguns em associar a sensibilidade para apreensão do mundo e do universo com feminilidade e como evidência de homossexualismo.
     Em seus 59 anos de vida, Dumont foi por diversas vezes assediado por mulheres que, segundo algumas biografias, o viam como ideal masculino - ao mesmo tempo tenro, cordial e corajoso. Há o caso mais célebre, da cubana Aída D’Acosta, que procurou o inventor brasileiro encantada com os seus balões.
     No diálogo que travou com Santos Dumont, este entendeu que ela o queria como piloto para um vôo sobre Paris. O que, imediatamente, a cubana rebateu: "O senhor não entendeu. Eu quero voar sozinha", respondeu Aída, que seria a primeira mulher a pilotar um aeroplano.
     Há duas passagens que revelam o pensamento de Santos Dumont. Uma delas é a que, em Paris, respondendo a uma brincadeira da mulher de seu amigo Tissandier, ele também um aeronauta, o brasileiro, irritado e em tom áspero, que não era do seu feitio, disse: "Eu gostaria que pensassem que sou viúvo e parassem de inventar histórias e me perguntar tolices". A outra passagem é um postal em que aparecem as fotos do balão n.6, do 14 Bis e do Demoiselle, o seu último aeroplano, com a mensagem de Santos Dumont: "Eu e minha família".
 

 
 
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